Faça um exercício de memória. Lembre-se das empresas por onde passou e pelas equipes que fez parte. Caso esteja em seu primeiro emprego, analise o comportamento dos líderes da corporação. Se ainda não estiver no mercado de trabalho, preste atenção ao que, certamente, irá enfrentar.
Alguns líderes o fazem pelo exemplo. Os outros, pelo cargo que ocupam.
Eu já passei pelas duas experiências. Ainda bem que o primeiro em maioria!! Talvez isso tenha sido fundamental em minha formação profissional e pessoal atual.
Os líderes pelo exemplo sabem nos conduzir por suas experiências, pela real vivência e visão abrangente das possibilidades de acerto e até de erro. Abusam de uma tremenda habilidade de motivação, de enxergar as diferenças entre membros da equipe. Jamais colocam-se em posição passiva perante a equipe. Sabem o momento de uma elevação de voz com o intuito de fazer acontecer o resultado coletivo. Para eles, o resultado que funciona é só o coletivo, usando suas habilidades para ajustes individuais necessários. São os que terminam a condução de uma reunião e você tem vontade de aplaudi-los!! Conhecem? Sim eles existem e são muito bons!!
Os que lideram simplesmente pelo cargo, foram empossados, ou galgaram politicamente a posição. Abusam de sua posição, lembrando uma corporação hierárquica derrotista e ultrapassada. Chegam a usar termos do tipo “isso é uma ordem!”. Na grande maioria das vezes, jamais estiveram no campo e freqüentaram excelentes cursos em instituições de primeira linha dentro e fora do país (não estou generalizando). Ao assumirem o desempenho de suas funções, preferem o conforto de suas salas refrigeradas, rotinas de reuniões sem propósitos, comportamentos burocráticos e repetitivos, ordens confiadas para que terceiros as façam para a equipe, longas viagens de ausência injustificada, entre outras tantas fugas, guetos e trincheiras do desconhecimento prático e da falta de envolvimento. Quando solicitados ou questionados por membros de sua equipe, respondem com ironia, insensibilidade, às vezes, agressividade. Típico comportamento defensivo, repulsivo e repugnante.
Em reuniões com a equipe, chegam a ter a sensação de que todos os respeitam, chegando ao ponto do temor pela figura suprema. Enganam-se: a equipe faz teatro! Ninguém se envolve ou consegue mover-se por suas palavras. A realidade de mercado, para eles, nada mais é do que a simples sucessão de fatos do lado de fora dos muros da corporação. Aliás, atualizam-se somente por complexos relatórios compilados, na maioria das vezes, por quem também jamais esteve em campo.
Quero falar dos bons!! Quero falar de quem jamais mede esforços para “tatear” o mercado, sua realidade e seus personagens. Se muito atarefados, administram coerentemente seu tempo para atuação de acompanhamento da equipe e da conjuntura.
Quero falar de quem tem conhecimento de causa para discutir, orientar, cobrar e até brigar com membros de sua equipe, visando sempre a evolução da mesma, a constante busca por excelência em resultados. Usam conflitos internos para o desenvolvimento da maturidade da equipe, enquanto o outro tipo de líder faz do conflito uma arma para exercer mais fortemente o sentido de autoridade do cargo.
Tenho duas boas notícias para vocês!! A primeira é que está em andamento um acelerado processo de seleção natural de líderes. Ainda longe da extinção total, os líderes do mal estão sendo descobertos e, naturalmente, convidados a caminhar na prancha em direção aos outros tubarões. A outra boa notícia é que os bons realmente existem!! Estão em franca evolução, avançando pelos flancos dos campos de batalha do mundo corporativo.
Acredite!! E que assim seja na sua gestão de liderança!!
Dill Casella é autor do livro “Atitude e Altitude” pela Editora Vozes, de dezenas de artigos publicados em mídia impressa e digital e um dos palestrantes mais criativos e contratados atualmente no Brasil!