No mês passado as revistas Você S.A. e Exame publicaram o guia “As 150 melhores empresas para você trabalhar”. Trata-se de uma edição anual, super séria em seu formato, apuração e conteúdo!
E o momento para manifestação das percepções dos funcionários não foi dos melhores... 40% das empresas disseram ter enfrentado grandes dificuldades no último ano! Foi a tal da crise... Custos foram cortados drasticamente, pessoas foram demitidas e outros monstros apareceram.
Superação, transparência e eficiência foram os combustíveis usados! Todas as empresas do Guia possuem algo em comum: todas investiram em desenvolvimento de pessoas! Coincidentemente (garanto que não é coincidência não...) geraram excelentes resultados: neste seleto grupo, para cada 100 reais investidos, quase 13 retornaram ao bolso do acionista!
Lembro de um episódio da minha vida sobre o assunto:
Há alguns anos, trabalhei em uma empresa que candidatou-se a ser ranqueada pelo Guia. Pessoas eram o grande diferencial dessa empresa e o time, de fato, era muito bom!
O fato de o time ser bom é significativo sim! Por outro lado, pessoas usam seus sentidos e percepções para tudo, inclusive no ambiente de trabalho. Inclusive para posicionar-se!
Algumas pessoas receberam formulários, via amostragem, para registrarem seus sentimentos e avaliarem a empresa. Tive o prazer de ser um dos agraciados pelo formulário.
Enquanto preenchia o mesmo em meu computador, recebi a visita de um colega de mesma função e mesmo nível hierárquico. Ao ler algumas de minhas respostas, o mesmo ficou indignado! Disse-me que eu jamais deveria escrever aquilo, que eu deveria sim é mudar completamente o teor das minhas respostas pois, desta forma, valorizaria a empresa e por conseqüência nossas carreiras.
Confesso que, por um minuto, cheguei a concordar com a farsa...Escreveria coisas que não estava sentindo e não estava percebendo. Aceitaria as coisas com eram e agiria com a emoção de um cano furado...Seria um camaleão, sem identidade nenhuma, sem fazer diferença nenhuma...
Decidi gravar o formulário no computador, mas não o enviei. Deixei para fazê-lo na manhã seguinte, com a cabeça mais fria.
A manhã seguinte foi minha alegria! Cheguei até mais cedo e super feliz porque havia tomado a decisão logo ao pisar do portão para dentro da empresa: eu seria eu mesmo e minha obrigação naquele momento com a própria empresa era relatar minha real percepção, minhas reais alegrias e frustrações! Faria mais: daria dicas de melhorias! Dicas ouvidas por membros da minha equipe e em outros tantos corredores!
Mudei praticamente toda a concepção do formulário e apertei o “send”! Meu coração pulsava com alegria! Não, não estava ferrando a empresa, queria, de verdade, melhorar tudo! Queria sentir orgulho de estar ali!
Ao levantar os olhos após enviar o formulário, avistei meu colega! Aquele! Ele me perguntou:
“E então, pensou em tudo que falamos?”
“Você não sabe o quanto!”, respondi. “A gente merece CRESCER na empresa mesmo!”
E ficamos todos felizes! Ele com a sensação de ter conseguido me convencer e eu com o coração leve, a alma lavada e o sentimento de dever cumprido!
Ah, ia me esquecendo: jamais foram ranqueados...
Dill Casella é autor do livro “Atitude e Altitude” pela Editora Vozes, de dezenas de artigos publicados em mídia impressa e digital e um dos palestrantes mais criativos e contratados atualmente no Brasil!