Chego para palestrar aos colaboradores do SBT. Irei abordar Atitudes e Mudanças Comportamentais! Olho aquela estrutura, quantidade de veículos, cenários, estúdios de gravação e minha mente viaja ao passado...
Acho que era 1979. Eu tinha onze anos e estava na quinta série do primeiro grau...Você que está lendo e tem menos que trinta, está me compreendendo? Tá bom, eu explico: eu estava no atual sexto ano do ensino fundamental.
Estudava numa escola estadual que ostentaria o nome do nosso primeiro santo: Frei Antonio Santana Galvão.
Tinha orgulho da minha escola, respeito em dias de cantar o hino nacional, usava fitinha amarela em setembro e o bolso com o brasão era cuidadosamente costurado no avental mais que zelado pela minha mãe.
No “Frei”, como carinhosamente chamávamos nossa escola, dei meu primeiro beijo, fiz minha primeira análise sintática, minha primeira equação de primeiro grau e de onde tenho bons amigos até hoje! Lá, além de aprender matérias convencionais, tive contato com pessoas e situações que me serviram de base para o jogo da vida!
Nossa escola tinha sido convidada a participar do programa Domingo no Parque, que na época acontecia na antiga TVS – Canal 4. O programa era uma competição entre escolas (normalmente escolas públicas) com vários quadros envolvendo desde perguntas e respostas a gincanas esportivas.
Uma das gincanas era a de uma “bola gigante”, disputada por time de três ou quatro garotos, que duelavam usando uniformes dos times paulistas para empurrá-la dentro de um gol minúsculo.
Em nossa época, infelizmente o ensino público já não tinha a qualidade das escolas particulares, no entanto, alguns valores individuais se sobressaiam à grande maioria de professores. Um deles, o Celso, era nosso professor de educação física.
Celso era mais que um professor! Era um verdadeiro “coach” de basquetebol. Ensinava fundamentos, posicionamento em quadra, jogadas ensaiadas, táticas, etc.
Lógico que, para as competições esportivas para o programa de TV, Celso foi consultado. E, para a da “bola gigante”, sabiamente, escolheu um time de garotos altos e munidos de certa visão de espaço em quadra. Eu era do time de basquete da escola e fui um dos escolhidos!
Lembro-me que ao chegar ao teatro, nos entregaram camisas do Santos Futebol Clube. Confesso que ficaram ligeiramente curtas, mas nessa competição o Santos era Frei Galvão e juraríamos ser santistas até a morte (naquele momento...).
Antes de começarmos a partida, nos deparamos com nossos adversários. Todos minúsculos, fraquinhos e sem a menor condição competitiva.
Por um minuto ficamos felizes, com a certeza da vitória e que levaríamos nossas bicicletas Caloi para casa. Uma bicicleta na época era coisa de herdar do irmão mais velho, ganhar em rifa ou implorar no Natal para o pai trazer do Mappin, com carnê de vinte e quatro prestações...
Fato é que a produção do programa percebeu o disparate e saiu em disparada pela platéia para recrutar representantes na torcida do Frei Galvão...
Em minutos estávamos sem as camisas do Santos, acompanhando num monitor de dez polegadas, os membros de nossa torcida dando uma lavada no outro time. Choramos....Choramos um mix de alegria e frustração. Nossa escola venceu e os garotos que foram somente para torcer ganharam a bicicleta...
E, no meio do choro, passa por nós Silvio Santos!!
O homem do Baú, para por um instante. Olha para nós e continua sua jornada em passos largos rumo ao camarim.
Em seguida, chega um produtor presenteando pacotes de tênis Montreal para todos nós! Não foi por dó, não. Silvio Santos sabia que éramos tão fieis a ele, que jamais poderia provocar frustração naquele grupo. Foi marketing mesmo! Dos bons!
Silvio Santos tem uma luz diferente! Pelo menos para mim, sempre teve. Quando menor ainda, ia à casa da minha avó para passar o domingo e lá estava ele, das onze da manhã às nove da noite. Do Domingo no Parque ao final do Programa de Calouros. A música do final do Programa de Calouros era um tédio. Não, não pela segunda feira que se aproximava, mas pelo término do contato com aquele incrível comunicador!!
Voltando aos dias de hoje e à palestra no SBT, quero dizer que tudo transcorreu de maneira esplendorosa! Uma experiência dignificante com um grupo de astral superior!!
Pude claramente sentir quão intensa brilha a luz desse homem! Ouvi de seus colaboradores somente palavras de admiração e, principalmente, referências do quanto sua imagem o faz um dos principais líderes empresariais no Brasil.
Silvio Santos ama o que faz e deixa isso muito claro. É um homem sério e ao mesmo tempo descontraído. É focado, envolvente e convicto dos reflexos de suas decisões.
Essas virtudes, quando percolam a estrutura de uma organização, trazem excelente clima e resultados surpreendentes. Uma organização é o espelho do seu líder.
Estar bem no IBOPE, buscar melhorias, são ações vitais, é claro. Ser a TV mais feliz do Brasil também! Isso é muito mais que puro marketing! É fruto da atitude de um líder que faz a diferença...de um grande líder chamado Silvio Santos!!
Dill Casella
Dill Casella é autor do livro “Atitude e Altitude” pela Editora Vozes, de dezenas de artigos publicados em mídia impressa e digital e um dos palestrantes mais criativos e contratados atualmente no Brasil!